Os fidget toys ou materiais fidget são objetos pequenos que se manuseiam com as mãos — têm sido cada vez mais usados como ferramentas de autorregulação, especialmente em pessoas com Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA), Perturbação do Espetro do Autismo (PEA) ou ansiedade.
Os fidget toys tiram partido do facto das mãos e dedos ocuparem uma área significativa no cérebro, no que toca ao processamento sensorial e controlo motor. Isso significa que estímulos táteis e movimentos repetidos com as mãos têm um impacto direto na forma como regulamos a atenção e o estado de alerta. Ao manipular um fidget, a ativação constante dessas regiões cerebrais ajuda a organizar respostas adaptativas, favorecendo a concentração, a aprendizagem e até a regulação emocional.
A teoria da Integração Sensorial (IS), desenvolvida por A. Jean Ayres, defende que algumas crianças têm dificuldade em processar e organizar estímulos sensoriais. Neste sentido, os fidgets funcionam como uma forma de “alimentar” os sistemas sensoriais com estímulos repetitivos, rítmicos e previsíveis, permitindo alcançar um nível ótimo de autorregulação. Quando bem selecionados — silenciosos, adequados ao perfil individual e usados em contextos apropriados — podem servir como estratégias compensatórias que favorecem a atenção, a aprendizagem e a participação em tarefas do dia a dia.
Em contexto escolar
- O terapeuta ocupacional pode recomendar o uso de uma bola anti-stress ou massa de moldar durante momentos de exposição teórica.
- Para alunos com procura por estímulos táteis, fidgets com texturas específicas podem reduzir comportamentos disruptivos.
- Professores podem permitir a utilização de fidgets discretos na mesa de trabalho, desde que não interfiram na atenção dos colegas.
Em casa
- Para crianças com dificuldade em permanecer à mesa, um fidget discreto pode ajudar a prolongar o tempo de permanência.
- Pais podem criar kits de fidgets (macios, rígidos, texturizados) e observar quais promovem maior calma ou foco.
Como escolher e usar fidgets de forma eficaz
Os fidget toys só trazem benefícios quando são selecionados de acordo com as necessidades da criança e usados de forma intencional. Eis algumas recomendações práticas:
1. Adequar ao perfil sensorial
- Crianças que procuram estímulos intensos podem beneficiar de fidgets com resistência, como bolas de borracha dura.
- Crianças hiper-reativas ao toque podem preferir texturas suaves e previsíveis.
2. Optar por fidgets silenciosos e discretos
- Para uso escolar, escolher materiais que não façam ruído.
- Evitar objetos com luzes ou sons, que podem distrair.
3. Definir regras claras de utilização
- O fidget deve ser um recurso de concentração, não apenas um brinquedo.
- Estabelecer limites de tempo e contexto.
4. Integrar numa rotina sensorial maior
- Os fidgets devem ser combinados com pausas ou atividades de movimento.
- O terapeuta ocupacional pode estruturar uma dieta sensorial personalizada.
5. Avaliar e ajustar continuamente
- Observar se o fidget ajuda a manter o foco ou se se tornou apenas uma distração.
- Trocar ou adaptar conforme as necessidades evoluem.
Em resumo
O melhor fidget é aquele que se adapta ao perfil da criança ou adulto, respeita o contexto de uso e é integrado com outras estratégias de autorregulação.